quinta-feira, 6 de agosto de 2015

É essa vontade louca de contar para o mundo todo sobre ele, sobre mim, sobre o que nunca será nós. Ou laço, ou elo, ou qualquer tipo de amarrado. Há de ser hiato. Não do tipo que foi junto um dia, mas do tipo que é separado desde sempre.
E como explicar este sentimento grande, enorme que não sufoca ou tortura? E como explicar que nunca será, no entanto, mesmo não sendo, me inspira, me liberta, me ressuscita.
Na verdade, até agora, eu nunca havia encontrado alguém que me despertasse a vontade de mudar. Eu, que sempre julguei que alguém que por ventura cruzasse meu caminho deveria me aceitar do jeito que sou: “ Ninguém valerá o meu sacrifício de mudança! ” Ninguém?
A gente não sabe de nada, mesmo. Tem coisa melhor que romper com suas próprias convicções, vez por outra? Frequentemente, a gente se habitua a elas sem perceber em que ponto elas podem se tornar amarras...
Quer saber? Eu estou mudando e de verdade e intensamente... E felizmente! Porque, que lógica há em querer que alguém te olhe, te enxergue e valorize o melhor em você, quando nem mesmo você fez estas coisas? Como querer que alguém te aceite quando você não se aceita?
Eu passei muito tempo enxergando no espelho tudo de errado, e como querer que alguém visse diferente? Não que agora eu veja tudo bem, mas vejo alguém que se quer bem, disposto a se fazer o bem. Eu vejo alguém limpando a poeira escondida debaixo do tapete. Eu vejo alguém disposto a arrumar essa cabecinha confusa e a perdoar esse coração amargurado.
Certamente, eu jamais poderei agradecê-lo porque ele nunca saberá o que fez. Essa é uma daquelas paixões unilaterais, adolescentes e passageiras. É como se apaixonar pelo professor de matemática. Rsrsrs. Mas é um sentimento que nos faz descobrir vida até no que a gente considerava morto e enterrado.
Poderia haver sofrimento? Poderia! Eu poderia lamentar o fato de não ser recíproco e chorar noites afins? Poderia! Mas é tão naturalmente especial, tão bobo, tão leve...
Os prejuízos são meus, todos meus. Porém eu não me preocupo com eles. Eu escolhi um lado e esse lado não me permite levar prejuízos, me permite superá-los, identificar neles as lições da vida.

Ainda que eu não possa agradecê-lo agora, eu me sinto grata. Eu estou “de mudança”, e não tenho intenção nenhuma de conquistá-lo nessa trajetória. Eu estou ciente e conformada. Não terei seu corpo, nem sua alma e não provarei seus beijos, não saberei de seus desejos e definitivamente o seu coração não será meu. Contudo, ele me deixou um bem maior ao despertar este sentimento. Meu deu a chance de reencontrar o meu próprio coração.